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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Benjamin Button

Benjamin Button representa a solidão do modo mais incontornável: a solidão biológica. Enquanto todos envelhecem, Benjamin fica cada dia mais novo. Por isso é diferente, por isso é repudiado pelo seu próprio pai e, por isso, seu destino é estar sempre só, ser um incompreendido. Não pode brincar com as crianças porque, embora tenha a mesma idade delas, tem um corpo velho; não pode educar sua própria filha porque, embora seja velho, tem o corpo, os instintos e o comportamento dos jovens; poderia, no máximo, ser seu amigo, seu companheiro, mas não seu pai.


Benjamin somos nós. A nossa necessidade de alguém que nos compreenda para além de nós mesmos, a nossa necessidade de não estarmos sós, de sermos o outro com o outro e o absurdo fracasso de qualquer tentativa de suprir a essa necessidade. O amor incondicional que Benjamin encontra em uma negra, talvez ninguém possa nos dar.

Tal qual Benjamim, em algum momento da vida descobrimos que estamos sós, que crescemos cada um em seu tempo, compartilhamos um pouco aqui e outro acolá, mas não conseguimos compartilhar tudo, ser o outro. Nosso mais completo isolamento somos nós, na nossa necessidade de amor incondicional

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