Escrever pode mudar tudo.


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Sobre Livros e Rios

Há um ditado que diz que há somente duas coisas certas na vida: a primeira é que morreremos, a segunda é que não sabemos quando. 
Quanto a mim, poderia acrescentar mais duas certezas: morrerei sem ter lido todos os livros que gostaria e, a essa altura, terei esquecido quase tudo do que um dia haverei lido, esquecerei mesmo o pouco que terei escrito. 
Espanto.
Gosto de pensar nos livros como rios que escorrem por nós e nos deixam marcas como a um leito, nos trazem sedimentos e nos carregam aluviões. Impressões que se sobrepõem de modo a não sabermos mais qual chuva nos deixou qual marca ou nos trouxe qual seixo. No final, somos esculpidos, lavrados, varridos e nos tornamos férteis.
Mas, se tudo é tão fugaz e, a um só tempo, infinito, por que não nos cansamos de buscar respostas, contar e recontar as mesmas histórias, comprar livros que nunca serão lidos? Porque é isso que nos faz humanos, é isso que nos consola e nos põe em contato com os outros. Assim nos reconhecemos e sabemos que não estamos sozinhos nesta busca fantástica que é a vida.