Não sei por onde começar. Então, começo por qualquer lugar porque o fim é sempre um recomeço e os começos já trazem em si o fim.
Talvez o tempo seja um novelo, um linha bem enrolada, uma linha que, quando estirada, tem começo, meio e fim. O tempo é uma linha enrolada em torno de si mesma, muitos começos se juntam a muitos meios e fins. Tudo comprimido, retorcido, embaraçado.
Não sei por onde começar. Corto a linha e estico o tempo. O meu tempo. Eu escolho um começo e posso fazer dos fins novos começos. Hesito. Não sei onde cortar. Roço a tesoura ao longo do fio e, meio displicente, pressiono a lâmina. Pronto. Fez-se um começo.