Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
Ferrira Gullar
sábado, 14 de agosto de 2010
Vitor Luís Gomes Vieira
O Vitor Luís é um poeta extremamente talentoso, tem apenas 16 anos, mas olhem só a profundidade de seus poemas:
Movimentos e Descansos
Prolonga-se o equilíbrio
De persistir
Em meio a risos e lágrimas
Alegrias e tristezas
Nesse atiçar de interexistências
Entre fluxos de vidas e mortes
Que quando se encontram revelam
Eternidades percorridas
Entre sacrifícios e sortes
(in: Desvios do Monótono. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2009. p. 42)
Movimentos e Descansos
Prolonga-se o equilíbrio
De persistir
Em meio a risos e lágrimas
Alegrias e tristezas
Nesse atiçar de interexistências
Entre fluxos de vidas e mortes
Que quando se encontram revelam
Eternidades percorridas
Entre sacrifícios e sortes
(in: Desvios do Monótono. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2009. p. 42)
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Tauá
Um solzinho
Rasteiro e fino
Bate à socapa na serra
O Quinamuiú não revida,
Agradece
Parece sorrir
Solerte
Tauá acorda contido
Fora do tempo esquecido
O leiteiro vai
O vaqueiro vem
As mulheres ficam
Então me lembro
De um tempo sem tempo
Fora do tempo faz tempo
Um tempo doce,
Tépido, maneiro
Uma brisa seca
Um tempo que passou ligeiro
Umas bicicletas
Uma praça
Muitas crianças
Uma algazarra alada
Com as fadas...
Oh, tempo matreiro!
Nagibe de Melo Jorge Neto
Rasteiro e fino
Bate à socapa na serra
O Quinamuiú não revida,
Agradece
Parece sorrir
Solerte
Tauá acorda contido
Fora do tempo esquecido
O leiteiro vai
O vaqueiro vem
As mulheres ficam
Então me lembro
De um tempo sem tempo
Fora do tempo faz tempo
Um tempo doce,
Tépido, maneiro
Uma brisa seca
Um tempo que passou ligeiro
Umas bicicletas
Uma praça
Muitas crianças
Uma algazarra alada
Com as fadas...
Oh, tempo matreiro!
Nagibe de Melo Jorge Neto
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