Ouço dizer que
O medo de fracassar
Faz impossível o sonho
Mas não é assim, amigo
Vou lhe contar um segredo
Há sonhos impossíveis
Verdadeiramente impossíveis
Graças a Deus!
São os melhores de sonhar!
Há sonhos mesquinhos
Alguns grandes demais
Outros, fraquinhos demais,
Apenas cochicham
Há sonhos de todas as cores,
Formas e sabores
Os meus são dourados
Absurdos reluzentes
Recendem à perfume de flores e pau-rosa
Completamente fajutos
Sonho, um dia, sonhar azul
Um sonho de verdade:
Impossível! Mas crível
Com cheiro de mar e curvas
Que nunca me canse sonhar
Os sonhos são nossos fantasmas
Vestidos de festa
Pintados de música
Calçados de dança
Numa lucidez ébria e louca
Não cabem no mundo
Estão sempre esparramados
Para além do real
Por cima, por baixo
Pelos lados
Às vezes sufocam
E matam
Como miragens
Nos põem a andar
Construímos caminhos
Que se perdem entre
Cambiantes estrelas de sonhos
Um dia esses caminhos
Serão varridos pelo vento
Com eles, o real e o sonho
Restarão apenas algumas
Pálidas lembranças esquivas
Nagibe de Melo Jorge Neto
Brasília/Fort., 22/03/2012