Foi em 1992, eu fazia o 3o. ano do ensino médio e
queria prestar vestibular para as exatas. Física. Gostava do Einstein. No
colégio li um livro dele muito inspirador: Como
vejo o mundo. Deparei-me com um poema simples e forte, em uma coletânea dos
alunos do Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA, assinado simplesmente por
Gugu. Acho que li o poema uma ou duas vezes e dele jamais me esqueci. Era
assim:
Laura,
Não use esses saltos
Seus olhos verdes
Jamais amadurecerão.
Seco, direto e marcante. Conseguiu criar em mim uma imagem
indelével. Poucos anos depois encontrei minha Laura, com quem divido minha vida
até hoje. Ela tem olhos de uma cor indefinível, às vezes verdes. Continua
incapaz de amadurecer. Conserva o olhar e o deslumbramento da criança, a mesma
energia e desassossego frente à vida, uma sensualidade despojada de menina que
se descobre mulher.
Casamos, vieram as angústias da vida adulta, a maravilhosa
responsabilidade de educar os filhos, mas quando estou com ela ainda sou capaz
de saborear esse gosto de seriguela verde, um gosto de infância e sol entre as
mangueiras.
A vida passa. Envelhecemos depressa. É preciso conservar um
certo verdor. Presto esta singela homenagem à minha esposa e companheira de
tantos anos e ao poeta que a profetizou.
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