Escrever pode mudar tudo.


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Laura

Foi em 1992, eu fazia o 3o. ano do ensino médio e queria prestar vestibular para as exatas. Física. Gostava do Einstein. No colégio li um livro dele muito inspirador: Como vejo o mundo. Deparei-me com um poema simples e forte, em uma coletânea dos alunos do Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA, assinado simplesmente por Gugu. Acho que li o poema uma ou duas vezes e dele jamais me esqueci. Era assim:



Laura,
Não use esses saltos
Seus olhos verdes
Jamais amadurecerão.



Seco, direto e marcante. Conseguiu criar em mim uma imagem indelével. Poucos anos depois encontrei minha Laura, com quem divido minha vida até hoje. Ela tem olhos de uma cor indefinível, às vezes verdes. Continua incapaz de amadurecer. Conserva o olhar e o deslumbramento da criança, a mesma energia e desassossego frente à vida, uma sensualidade despojada de menina que se descobre mulher.

Casamos, vieram as angústias da vida adulta, a maravilhosa responsabilidade de educar os filhos, mas quando estou com ela ainda sou capaz de saborear esse gosto de seriguela verde, um gosto de infância e sol entre as mangueiras.


A vida passa. Envelhecemos depressa. É preciso conservar um certo verdor. Presto esta singela homenagem à minha esposa e companheira de tantos anos e ao poeta que a profetizou.

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