Escrever pode mudar tudo.


sábado, 17 de março de 2012

Vértice

Dobrei uma esquina
Perdida de mim mesmo
De um lado o que nunca fui
De outro, o que não serei
Ali na esquina eu vejo
Um pouco de tudo que não sou nem serei
É ali, no vértice de mim mesmo, que eu paro
Sem poder prosseguir

Como uma águia de pedra
Minhas asas majestosamente
Abertas
São pesadas demais
Para além do real
São verdadeiras demais
Concretas demais
Jamais conseguirão voar

Em algum lugar nessa esquina
Há uma semente latente
Que firmará raízes nesse chão
Dali nunca sairá
Mas pode brotar
- Quem a aguará?
Crescerá uma árvore
Que nunca foi nem será
Sobre a árvore pousará uma águia de pedra
Imponente como a verdade
Viva, imóvel e, de algum modo,
Inteiramente falsa.

Nagibe de Melo Jorge Neto
Fort., 16/03/2012

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