Ao Dimas Macêdo
Estiveste na beirada do abismo, oh poeta!
De lá divisaste as maravilhas da
Pobre e esplendorosa alma humana
Suas profundezas abissais
Os picos recobertos da neve mais branca
Onde o frio congela a ternura
E o vento fustiga dúvidas atrozes
De pé encaraste mistérios tremendos
O olhar transido e extenuado de vida
Perdido na bruma, pisaste o exato limite
Entre teu ser e tudo que o transcende
Mais um passo era o Nada
Ninguém escapa ileso, oh poeta!
Tu traz os olhos vazados de luz
E os lábios ressecados de morte
Da beirada do abismo cantas o inefável
Anuncia profético o que nossos olhos
Medrosos não se arriscariam a mirar
Mas nosso coração anseia em frêmito
Ah, covardes! Refugamos os desvãos da alma!
Cegos para as maravilhas do mundo
Tu és, poeta, nossos olhos
Onde só temos casca
Tu és, poeta, nossa pele
Sentimos em ti o gelo que queima
E o frio dilacerante do sol
Dois anjos te seguram ao pé do abismo
Um deles canta, o outro grita
A tua alucinação, poeta, é nosso consolo
Nas noites escuras somos nós em ti
Nas promessas do dia és tu em nós
Nagibe de Melo Jorge Neto
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