Escrever pode mudar tudo.


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Aprendendo a Ler

Algumas coisas a gente nunca aprende a fazer com perfeição. Ou temos a impressão de que não aprendemos. Ou temos a impressão de que podemos fazer melhor. Acho que sou obsessivo acerca destas coisas. Adoro livros de how to. Sempre acredito que eles vão me ensinar algo novo e que, a partir de então, eu vou poder melhorar o que quer que seja e eis que terei a chave da felicidade e eis que tudo vai dar certo. É um transtorno de personalidade. Só pode ser. Outro dia vinha no elevador com o How to read a book, do Mortimer Adler, e uma amiga comentou:
- Pensei que você já soubesse fazer isso...
O caso é que eu adoro esses livros de how to. E pode parecer brincadeira, mas o livro é bom! Pois bem, a esta altura da vida, muitas vezes me ponho a pensar que ainda não sei ler direito. Tenho pensado nisso desde que me ocorreram uma ou duas epifanias e a leitura se mostrou uma coisa completamente outra. Ler não é uma coisa assim de só juntar palavras, enunciar em voz alta o que está escrito, procurar informações. É tudo isso, mas parece que também é muito mais. Infelizmente, eu ainda não sei o que é.
Ler pode ser um ato mental muito complexo, algo que envolve muitas faculdades: compreensão dos signos, reflexão, análise, memória, imaginação etc. Pois me bateu essa dúvida: será que tenho lido certo durante todos esses anos? O que é ler? Ler pode ser passar os olhos apressados pelas palavras em busca de uma informação específica até sumarizar e questionar as ideias do autor, passando por recriar imaginativamente todo o ambiente imaginado pelo escritor de um romance ou quebrar a cabeça procurando recriar mentalmente as metáforas mais difíceis de um poeta inacessível.
Pode parecer brincadeira, mas não é (2). Mais um how to: Como falar dos livros que não lemos, do Pierry Bayard é um livro sensacional de divertido. Tem um vídeo interessantíssimo dele e do Umberto Eco na Biblioteca de Nova York (https://www.nypl.org/…/how-talk-about-books-you-havent-read…), sobre o insólito tema. Acho que toda leitura é um ato imperfeito e inconcluso. Faz todo sentido falar nos livros que não lemos.

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