Não existe um jeito certo de ser mulher. As mulheres são de muitos jeitos, algumas mais delicadas, outras mais fortes; algumas mais sensíveis, outras menos. Algumas querem ter filhos, outras não. Algumas se dedicam à família, outras ao trabalho. Algumas gostam de homens; outras, de mulheres, outras ainda gostam dos dois.
As mulheres são de muitos jeitos, mas o que têm em comum é um certo modo de olhar a vida, um certo modo de sentir o mundo. Em todas as culturas, o feminino está ligado às colheitas, à doação, à entrega, à multiplicação, às dádivas, à abundância, ao amor. Amor é o que multiplica e enriquece, é o que fermenta e fortalece, é o que de um, faz dois e de dois, três.
Talvez as mulheres ainda sejam tão vergonhosamente reprimidas e violentadas em nossa sociedade porque reprimimos o amor, não sabemos amar. Algumas mulheres ainda são tratadas como posse, como coisa, algumas ainda são traficadas, outras são machucadas e mortas em nome de um “amor” falso. Muitas mulheres são silenciosamente silenciadas por normas sociais insidiosas: mulher não pode isso ou aquilo, não é de bom tom. Haveria um jeito certo de ser mulher, que essas normas pretendem ditar.
Não há amor sem liberdade, não haverá amor sem mulheres livres, plenas, com direitos iguais aos homens. Livres para amar, gozar, trabalhar, reproduzir, comandar, governar, exercer poder, livres para serem do jeito que quiserem ser.
Não há um jeito certo de ser mulher. Há um jeito certo de amar as mulheres, que é permitir que o feminino floresça em suas múltiplas formas. Quando esse dia chegar, seremos melhores como pessoas, nossa sociedade será mais justa, viveremos melhor os nossos ligeiros dias sobre a Terra.
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