As redes sociais, como o facebook, são uma ferramenta de
comunicação que ainda estamos aprendendo a usar. Ninguém sabe ao certo o que é
isso nem pra que serve (ou servirá). Estamos descobrindo juntos. Muito
interessante termos a oportunidade de participar disso.
O certo é que o meio muda a forma e conteúdo da comunicação.
Havia um tempo em que as pessoas falavam muito por cartas. Algumas coisas só eram
ditas por cartas, mesmo entre pessoas que morassem na mesma casa. Aliás, quem
me ensinou isso foi Standhal, em O vermelho
e o negro. Quando o li, fiquei nostálgico. Lembro que tentei, por diversas
vezes, manter uma correspondência com vários amigos, aqueles com quem sempre
falava ao telefone. Não vingou.
Ainda hoje, há coisas que só podem ser ditas por cartas ou
que ficam muito melhores ditas por cartas. Como não escrevemos mais cartas,
essas coisas deixaram de ser ditas. A determinada altura, resolvi escrever
cartas para a minha filha. Converso muito com ela assim, embora ela converse
pouco comigo... :-). Os jovens pensam rápido, têm pressa e eu não sou mais tão
jovem.
O telefone dispensou as cartas. O e-mail mudou tudo. E o
WhatsApp, de novo, mudou o jeito com que falamos ao telefone. Tá todo mundo
ligado e nos damos ao luxo de comunicar coisas que não comunicaríamos antes.
Seria muito caro, inapropriado ou impossível. Como isso aqui que estou fazendo.
Para quem eu escreveria uma carta com este conteúdo? Para quem ligaria falando estas
coisas meio sem nexo?
Nas redes sociais, coisas banais se misturam a discussões
políticas, que num instante se transformam em arengas. A intimidade vai da fome
a reflexões existenciais passando pelos gostos. Ainda não conseguimos graduar nossa
exposição no ponto ótimo. É tudo novo. Às vezes o filme sai queimado; outras
vezes, escuro demais.
Essa besteirada toda do facebook às vezes nos entedia, mas
também areja. Vemos as pessoas, lemos as notícias, ouvimos as fofocas. Falamos
de coisas sérias e de bobagens. O facebook se parece muito com uma praça de
cidade do interior. Toda cidade do interior tem a sua pracinha. Em Quixadá,
todas as noites íamos pra praça ver as pessoas, conversar bobagens e coisas
sérias, saber das novidades. Quem é este? Fulano. Conhece de onde? Da praça.
Há pessoas maravilhosas que conheci na praça de Quixadá.
Papos incríveis. Minha relação com algumas dessas pessoas nunca se aprofundou. A
praça sintetizava e moldava nossa comunicação. Hoje não temos mais a praça,
temos o facebook.
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